Petróleo é prioridade em investida de Trump contra a Venezuela, diz jornal
17/12/2025
(Foto: Reprodução) Trump anuncia bloqueio total a petroleiros da Venezuela
O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem colocado o petróleo como prioridade na ofensiva contra a Venezuela, segundo reportagem publicada pelo jornal The New York Times nesta terça-feira (16).
✅ Siga o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
Embora a Casa Branca afirme publicamente que as operações militares no Caribe têm como objetivo combater o narcotráfico, o NYT relata outra preocupação interna. De acordo com o jornal, assessores americanos defendem ampliar o acesso ao petróleo venezuelano.
A pressão aumentou nesta terça, após Trump anunciar um bloqueio total a petroleiros sob sanções que entram e saem do país. Dados do Relatório Mundial de Energia de 2025 indicam que a Venezuela é país com as maiores reservas de petróleo do mundo, com 302,3 bilhões de barris.
Segundo o New York Times, o governo Trump tem feito negociações secretas com Nicolás Maduro, focando no petróleo. O jornal afirma que o presidente venezuelano chegou a oferecer a abertura da indústria petrolífera do país aos americanos.
A Casa Branca rejeitou a proposta, já que desconfia das intenções do líder venezuelano e acredita que ele deseja ganhar tempo. Além disso, Maduro tem demonstrado resistência em deixar o poder.
Ainda de acordo com o jornal, aliados de Trump avaliam que um eventual governo venezuelano liderado pela opositora María Corina Machado seria mais alinhado aos interesses dos EUA, limitando a influência de China e Rússia no país.
Em novembro, outra reportagem do NYT revelou que Trump recebeu e analisou diferentes opções de ação militar contra autoridades venezuelanas, incluindo planos que preveem assumir o controle do petróleo do país.
LEIA TAMBÉM
Trump amplia restrição de entrada nos EUA e inclui mais 7 países em lista de veto de viagem
Trump tem 'personalidade de alcoólatra', diz chefe da Casa Branca em entrevista
Desafio da engenharia: Roma faz estação de metrô debaixo do Coliseu e cria museu subterrâneo com objetos achados na obra
Bloqueio
Equipamentos com logo da PDVSA, empresa estatal venezuelana de produção de petróleo, em imagem registrada em Lagunillas, Venezuela.
Isaac Urrutia/Reuters/Foto de arquivo
Nesta terça-feira, Trump usou uma rede social para anunciar um bloqueio total a petroleiros alvos de sanções que entram e saem da Venezuela. Segundo o presidente, o país está completamente cercado.
Trump acusou os venezuelanos de roubarem petróleo e terras dos norte-americanos. Segundo ele, Maduro tem usado os recursos para financiar o que chamou de “regime ilegítimo”, além de “terrorismo ligado a drogas, tráfico de pessoas, assassinatos e sequestros”.
“Pelos roubos de nossos bens e por muitos outros motivos, incluindo terrorismo, contrabando de drogas e tráfico de pessoas, o regime venezuelano foi designado como uma ORGANIZAÇÃO TERRORISTA ESTRANGEIRA”, escreveu.
Com base nessas acusações, o presidente anunciou um bloqueio total e completo de todos os navios petroleiros que foram alvos de sanções e que entrarem ou saírem da Venezuela. Segundo o site Axios, 18 embarcações que foram punidas pelos EUA estão em águas venezuelanas no momento.
No dia 10 de dezembro, forças militares dos Estados Unidos interceptaram e apreenderam um navio petroleiro no Mar do Caribe, perto da costa da Venezuela.
Sanções
Petroleiro venezuelano que, segundo empresa de satélite, é o navio apreendido pelas Forças Armadas dos EUA, em 10 de dezembro de 2025.
Planet Labs PBC via Reuters
Em 2019, durante o primeiro mandato, Trump impôs várias sanções ao setor petrolífero da Venezuela como forma de pressionar o governo Maduro, o que reduziu as exportações de petróleo do país.
Mesmo com as restrições ainda em vigor, a Venezuela continua exportando cerca de 1 milhão de barris por dia. Segundo especialistas, o regime Maduro tem recorrido a “navios fantasmas” para escoar a produção.
Em tese, essas embarcações “zumbis” foram alvo de sanções, mas mudam de nome ou de bandeira com frequência para tentar escapar das punições. Algumas também se apropriam da identidade de navios que já foram enviados para desmanche.
De acordo com a empresa de inteligência financeira S&P Global, estima-se que 1 em cada 5 petroleiros no mundo seja usado para contrabandear petróleo de países sob sanções. Rússia e Irã também recorrem a estratégias semelhantes.
VÍDEOS: mais assistidos do g1